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Location: Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brazil

Cientista. Músico. Compositor. Escritor. Natural de Belo Horizonte – Minas Gerais. Mora há algumas décadas em Porto Alegre Rio Grande do Sul. Brasil. Mestre em Ciência Política. Doutor em sociologia com ênfase em metodologias informacionais. Pós doutor em neuro reabilitação. Pesquisador aposentado de pós-graduação do CNPq www.cnpq.br/ Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - "National Counsel of Technological and Scientific Development". Professor interdisciplinar de Reabilitação e neuroaprendizagem - Porto Alegre. Brasil. Pesquisador de criatividade aplicada em pós-graduação. Pesquisador e Sócio Proprietário da NITAS LTDA: inovação e tecnologia – com atividades na área da interface entre corpo-cérebro-mente-máquina visando gerar novos produtos e processos de políticas de reabilitação envolvendo situações críticas de déficits e lesões. Inventor e ex-consultor de tecnologia e inovação junto a Ortobras Comércio e Indústria LTDA. MEMBERSHIP dos Comitês de pesquisa RC46 CLINICAL SOCIOLOGY e do RC33 LOGIC AND METHODOLOGY IN SOCIOLOGY da ISA - International Sociological Association. Pesquisador da Rede Nanosoma – nanociência, nanotecnologia e sociedade.

Thursday, May 26, 2011

O FUTURO PRESENTE NA APRENDIZAGEM: a inteligência da complexidade

Gilson Lima[1]



















A ciência, sobretudo com o processo de aceleração tecnológica das últimas décadas,  transformou o conhecimento em conhecimento complexo ó os paradigmas da aprendizagem estarão cada vez mais mergulhados na busca reflexiva do conhecimento complexo.
 
Ainda hoje em nossas escolas, continuamos a formar pelas cidades afora, especialistas em disciplinas predeterminadas, portanto artificialmente delimitadas, enquanto uma grande parte das atividades sociais e do conhecimento científico, no presente e cada vez mais no futuro, tem e terão como exigência seres capazes de um ângulo de visão muito ampla e, ao mesmo tempo, capazes de inserir-se num enfoque de circunstâncias problemas em profundidade, além de altas habilidades de transgredirem as fronteiras históricas das disciplinas.

Os desenvolvimentos disciplinares das ciências trouxeram as vantagens da produtividade quantitativa pela divisão do trabalho intelectual, mas também nos trouxe os inconvenientes da superespecialização, do confinamento e do despedaçamento do saber. Podemos dizer até que o conhecimento progride cada vez mais não tanto por sofisticação, formalização e abstração, mas, principalmente, pela capacidade de contextualizar e englobar[2]. Efetivamente, a inteligência que só sabe separar,  fragmenta o complexo do mundo em pedaços separados, fraciona os problemas, unidimensionaliza o multidimensional, elimina a visão a longo prazo. Sua insuficiência para tratar nossos problemas contemporâneos mais graves constitui um dos mais graves problemas que enfrentamos.
Nos diz Morin, pensar a complexidade - esse é o maior desafio do pensamento contemporâneo e, para isso necessitamos de uma reforma no nosso modo de pensar[3]. De modo que, quanto mais os problemas se tornam multidimensionais, sem a reforma no nosso modo de pensar, maior a nossa incapacidade de pensar sua multidimensionalidade; quanto mais a crise progride, mais progride a incapacidade de pensar a crise; quanto mais planetários tornam-se os problemas, menos compreensíveis eles se tornam.
Porém, nós que fomos formados e deformados pelo saber disciplinar, fragmentado e segmentado impotente para uma perspectiva integrativa devemos nos conscientizar que cada vez mais nossos estudantes viverão num mundo onde a multipresença e maleabilidade serão princípios básicos constitutivos das suas relações sociais sejam essas relações sociais realizadas com rosto sejam elas realizadas sem rosto. Projeta-se que em 2015, será possível fazer contato com qualquer pessoa em qualquer ponto do planeta, através de minicelulares, sensores ligados a pequenos artefatos e redes computacionais sem dar um passo sequer. As pessoas teleaprenderão, teletrabalharão e se teledivertirão. Isto pode implicar no risco de ficarem abstratas demais e afetivamente e emocionalmente imaturas em demasia devido à falta de contato e vivência presencial com seus semelhantes.
Assim, desde agora a educação escolar deve contribuir para prepara-los a uma familiaridade equilibrada com os instrumentos de comunicação virtuais no compartilhamento de processos de produção de conhecimento por simulação e com o amadurecimento das suas potencialidades sensíveis e afetivas. Isso implica na inadequação, cada vez mais ampla, profunda e grave entre os saberes separados, fragmentados, compartimentados entre disciplinas, e, por outro lado, realidades ou problemas cada vez mais polidisciplinares, transversais, multidimensionais, transnacioniais, globais, planetários.
Há uma última questão a considerar, particularmente relevante. O surto vertiginoso das transformações tecnológicas não apenas abala a percepção do tempo: ele também obscurece as referências do espaço. Foi esse o efeito que levou a compartilhar do conceito de “hipercórtex”, ou seja, do fenômeno da ampliação vertiginosa de nossa subjetividade cada vez mais espelhada e cada vez mais compartilhadas por interações com máquinas lógicas e artefatos sensórios, isso implica que vivemos cada vez numa densa malha de conectividade, onde os processos que até ontem eram monopólio da mente humana como lógica e cognição, por exemplo, agora estão interligados e integrados às mentes humanas cada vez mais em redes de comunicações e informações envolvendo o conjunto do planeta, onde tudo cada vez mais se torna uma coisa só, uma grande e poderosa “montanha russa”[4].
Um fato é inegável o de que as mudanças tecnológicas, embora causando vários desequilíbrios nas sociedades mais desenvolvidas que as encabeçam, também canalizam para elas os maiores benefícios. As demais sociedades são arrastadas de roldão nessa torrente, ao custo da desestabilização de suas estruturas e instituições, da exploração predatória de seus recursos naturais e do aprofundamento drástico de suas já graves desigualdades e injustiças.
Por detrás do desafio da complexidade, esconde-se um outro desafio: o da expansão descontrolada do saber. O crescimento ininterrupto dos conhecimentos constrói uma gigantesca torre de Babel, que murmura linguagens discordantes. A torre nos domina porque não podemos dominar nossos conhecimentos. T. S. Eliot dizia: “Onde está o conhecimento que perdemos na informação?”[5] O conhecimento só é conhecimento enquanto organização, relacionado com as informações e inserido no contexto destas. As informações constituem parcelas dispersas de saber.
Em toda parte, nas ciências como nas mídias, estamos afogados em informações. O especialista da disciplina mais restrita não chega sequer a tomar conhecimento das informações concernentes a sua área. Cada vez mais, a gigantesca proliferação de conhecimentos escapa ao controle humano. Daí o sentido da segunda questão de Eliot: “Onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento?[6]
Os conhecimentos fragmentados só servem para usos técnicos também segmentados e separados da aculturação. Não conseguem conjugar-se para alimentar um pensamento capaz de considerar a situação humana no âmago da vida, na terra, no mundo, e de enfrentar os grandes desafios de nossa época. Não conseguimos integrar nossos conhecimentos para a condução de nossas vidas.



[2] MORIN, Edgar. A Cabeça bem feita: repensar a reforma e reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand, 2000:15-16.
[3] Ver MORIN, Edgar & LE MOIGNE, Jean-Louis. “A Inteligência da Complexidade”. São Paulo: Peirópolis, 2000.
[4] Sobre a metáfora da montanha russa como explicação didática da aceleração tecnológica ver: SEVCENKO, Nicolau. “A CORRIDA PARA O SÉCULO XXI: no loop da montanha-russa”. Rio de Janeiro: Companhia das letras, 2001.
[5] Idem, MORIN. 2000:16.
[6] Idem, MORIN: 2000: 17. A idéia de sabedoria provém do sabor, do sabor prazeroso de degustarmos um apetitoso cardápio de conhecimento. A busca da sabedoria está envolta a um plasma do prazer, do insigth, da curiosidade do e no conhecer e nos impõe desafios para uma pedagogia não centrada na disciplina, não colonizada pelo controle de uma ordem racional, mas uma pedagogia da imaginação criativa e aplicada à complexidade cada vez mais crescente da nossa civilização planetária. 

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